A vida é cheia de dias chuvosos. 

Como barqueiros, constantemente enfrentamos tempos difíceis em alto mar. O vento golpeia o barco e uma quantidade assustadora de água invade a proa, as ondas ao nosso redor parecem dobrar de tamanho e tomam cores turvas. Os raios e trovões açoitam o céu e não conseguimos ver nenhum ponto de calma,  tememos que o barco não resista.

Eu sei muito bem o que é isso, sei como é se sentir assim, já sentei no chão do barco e fiz minhas lágrimas se misturarem com as águas e se tornarem um amargo só. Mas existe algo na tempestade que é inquietante: somos levados a querer correr para os braços do Pai. As ondas que nos assustam fazem com que nos tornemos como crianças amedrontadas que procuram as mãos do Pai pra se sentirem seguras. O pior cenário nos empurra a correr para Aquele que as águas obedecem e que o som de sua voz faz  os ventos pararem. Olhamos para cada canto do barco e desejamos vê-Lo nem que seja dormindo em alguma parte, pois apenas a presença dEle ali faz com que o nosso coração saiba que tudo vai ficar bem.

Não é sempre que conseguimos sentir a sua presença, os ventos continuam a soprar e a tempestade imponente continua a nos deixar cada vez menores e frágeis. Ficamos dilacerados por não vermos a presença do Pai, e o coração dói. Mas será mesmo que o Pai nos deixou? Precisamos entender que existe beleza na tempestade, muitas vezes não somos capazes de ver as mãos do Pai ali para nos passar segurança simplesmente porque Ele quer que você aprenda a crescer com a tempestade, Ele está te ensinando a ser resistente e a lidar com o chacoalhar do barco. E, mesmo que suas mãos não estejam aparentes, o cuidado dEle não nos deixa. Os olhos dEle nos acompanha e Ele não nos deixará padecer.

Estar em meio a tempestade proporciona experiências novas a respeito de quem Deus é e do que nós somos. A tempestade é o espelho que Deus usa para nos mostrar quem de fato somos, por isso algumas vezes ele faz silêncio durante uma tempestade nossa, assim, muitas vezes não obtemos resposta para uma oração. Não é que Ele não se importa, mas é que o propósito dEle naquele momento é trazer a consciência coisas sobre você mesmo que os ventos calmos não te fariam perceber. Realmente, nossa vida é lotada de dias chuvosos e de ventos que abalam nosso barco, mas a calmaria virá. Entenda, a fé nasce na tempestade.