quem é esse que está no barco?

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. M...



Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se
devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer?
Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves
antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem?
Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue?
Trecho do Capitulo I do livro "Confissões - Agostinho de Hipona"

Dias atrás, enquanto iniciava a leitura do anteriormente citado livro de Agostinho, me deparei com esse parágrafo e fui imediatamente tomado por um turbilhão de pensamentos. A verdade exposta nessas linhas é inquietante, gera um desconforto terrível. Somos colocados na parede: é preciso conhecer a Deus, para então invocá-lo.

Um trecho de uma música do cantor Marcos Almeida não para de ressoar na minha mente, e ela simplifica de maneira bastante eficaz essa confissão de Agostinho. A música diz: "antes de falar com Deus eu preciso saber pra quem eu oro...". Tal verdade, apesar de tão simples e óbvia, é constantemente ignorada por nós, invocamos a Deus sem conhecê-lo, pedimos para ver a sua face, mas não somos capazes de reconhecê-lo se o fizesse. A nossa pouca intimidade nos deixa incapazes de distinguir a voz do Amado dentre todas as outras vozes, Ele nós pede água e nós respondemos "Ei, você está falando comigo? A nossa cultura não permite tal coisa, minha galera e a sua não se dão muito bem, como você tem coragem de me pedir água?". Assim como a mulher Samaritana, mesmo ficando face a face com o Salvador, não somos capazes de saber quem Ele é, ouvimos falar dEle, "disseram que um Messias viria, bom, estamos esperando...". 

Como dito por Agostinho, se não estivermos em profunda intimidade com Deus, se não o conhecermos, poderemos facilmente invocar outro que não Deus. Invocamos aquele que pensamos ser Deus, mas não Aquele que Ele é de fato. Inovamos um facilmente moldado pelo homem, ligeiramente estressado e cansado da humanidade, ocultamente dobrado ao querer do homem, e de mãos atadas diante da vontade "soberana" dos que o invocaram. Certa vez, os discípulos estavam com Jesus no barco durante uma tempestade, e estava claro pra eles que morreriam, e indignaram-se, pois, Jesus dormia. Quando acordaram a Cristo, ele fez tempestade parar, as águas ficaram brandas e os ventos se acalmaram. O texto nos revela, então, o porquê de tanto temor da morte os discípulos tinham: "Quem é esse que até os ventos e o mar o obedecem?". Quem é esse?

Algumas vezes estamos andando com Jesus, viajando com Ele no barco, mas não temos ideia de quem Ele é; nascemos e crescemos na igreja, mas ainda assim não temos uma ideia clara de quem Ele é; repetimos insistentemente a pergunta dos discípulos diante dos feitos de Jesus, quem é esse?

O que quero dizer com tudo isso é que precisamos nos preocupar primeiramente em pedir conhecimento de Deus a respeito dEle mesmo, para que, assim, possamos viver uma vida completa diante dEle.

Que o vento do Espirito acerte nossas velas.
Lucas Araújo

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1 comentários

  1. Texto lindo💛💛💛💛
    A realidade de muitos cristãos, invocam um Deus que sequer o conhecem.
    Conhecer mais de Deus é buscar um relacionamento com Ele, é buscar cada dia mais a sua presença.
    AMEI O TEXTO💛💛💛💛

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